Abro a porta do meu próprio eu e não me reconheço
(Eu vou voltar)
São tantas peças nesse quebra-cabeça
(Eu vou voltar)
As respostas estão no horizonte, mas não as decifro
(Eu vou voltar)
Procuro por uma chave que não é meramente física
(Eu vou voltar)
Eu não aceito a ligação de meu espírito a um corpo material
Mas, eu juro, eu vou voltar
O caminho é longo
Passar por este rito é doloroso
Mas são os meus próprios pés que por eles precisam andar
A sentença não é definitiva
Mas sempre me equivoquei
Culpada sempre me declarei
E rogava ao divino
"Perdão, pois pequei"
Impus-me cruéis acordos de conduta
Cujas circunstâncias eu não merecia
Alimentei um abismo entre mim e o mundo
Às custas de mim mesma, que mal me conhecia
Quando você passa por uma pequena morte sem seu consentimento
Você implora por um permanente cessar
Mas a condenação não lhe cabe
O cárcere não lhe pertence
Você não é um bode espiatório a se firmar
Você não é a mancha a se alastrar
Foram ciclos e ciclos deixados por fazer
Poucos que se puderam honrar
Busquei amor nos outros sem poder aceitar o meu próprio
Quis fazer por outros o que sequer conseguia por mim
Implorei por salvação, mas sou eu mesma que preciso me salvar
Pois digo à minha criança interior, que outrora abandonei
Sim, eu já estou a voltar
Raíssa Stèphanie
26 de fevereiro de 2020
terça-feira, 10 de março de 2020
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Eu vou voltar
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